quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sobre a Utopia

[...] pretender que todos trabalhem para que todos possam trabalhar menos, ao invés de se matarem uns enquanto outros ficam assistindo de camarote. A imaginação utópica quer ainda – e é penoso constatar que a imaginação tem de intervir aqui também – que todos sejam tratados de mesmo modo, homens, mulheres e crianças. Que ninguém passe necessidade. Que ninguém seja considerado superior aos outros por ter mais coisas do que eles. Que os mais competentes e honestos dirijam os negócios públicos. Que ninguém seja obrigado a fazer o que não quer, o que não pode e não deve. Ou, então, que desapareça o dinheiro. E a propriedade privada. E que exista a liberdade de expressão, e a religiosa. E que a educação seja acessível a todos. (COELHO, 1984, p. 19).

Por volta de 1516, o inglês Thomas More, nos presenteou com uma palavra: Utopia. Ligeiramente afastado do conceito publicado pelo autor, utopia é aquilo que consideramos como sendo perfeito, ideal, porém imaginário. Não se sabe ao certo se é possível alcançar ou realizar, é almejado, mas apenas utópico. Certamente, este conceito pode trazer uma mensagem de fundamental significado para a sociedade contemporânea.

O pensamento utópico rompe com a desordem que se estabeleceu como ordem e propõe o novo. A utopia nega a realidade como condição e passa a propor a solução ideal, correta, justa. Mais do que isso, utopia é a própria expressão da esperança.

Vivemos em uma sociedade altamente conformista, em que nada mais nos impressiona. Nem escândalos políticos diários, nem mortes violentas e demasiadas e, muito menos, a destruição massiva da natureza nos impacta. Reina a hipocrisia e utópicos são considerados hipócritas. Antes de tudo, deve-se concretizar que não mais é possível tomar a realidade como diretriz.

Os utópicos tem em si o grande combustível para a mudança. É preciso continuar caminhando. Só é possível transformar a realidade se buscarmos o melhor, o maior, o correto, o justo, o democrático. Não estou aqui tratando de um sonho, mas sim de um esforço árduo e constante de cada um ou de quem e quantos forem possível. Defendo a busca à felicidade e à igualdade geral, sem que este seja exatamente o ponto a que pretendo chegar, mas sim o caminho, a direção. 


Na utopia construímos uma sociedade perfeita e a buscamos. Mas é fundamental que pudéssemos viver, ao menos, em uma sociedade capaz de oferecer liberdade, respeito e segurança a todos, além de uma condição de vida com maior qualidade e justiça.


Se a utopia é a própria expressão da esperança, negá-la é rendição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário